Irreverência, humor, criatividade, non-sense, ousadia, experimentalismo. Mas tudo pode aparecer aqui. E as coisas sérias também. O futuro dirá se valeu a pena...ou melhor seria ter estado quietinho, preso por uma camisa de forças!
Sexta-feira, 22 de Fevereiro de 2008
O planeta dos gigantes e dos anões
Gilberto nasceu e foi criado num país cheio de montanhas que no inverno se tapavam com um manto de alvíssima neve e no verão se recobriam de um tapete de pastagens verdejantes onde o gado e os pastores se deliciavam sob um sol donde dimanava um suave calor.
Lá no alto tudo era calma e as gentes viviam em paz e sossego, sem disputas nem invejas.
Mas, feito homem, decidiu deixar aquelas terras de sonho onde os habitantes eram iguais e felizes, partindo para os vales e planícies onde havia aldeias, vilas e cidades povoadas por gente diferente: uns eram gigantes e à sua passagem pisavam os outros que eram pequenos anões. Estes eram muito mais numerosos mas ficavam impotentes perante a força dos grandes que em tudo mandavam e tudo dominavam.
Gilberto não gostou do que viu!
Por isso resolveu partir para um país mais longínquo em busca de um trabalho em que fosse pago justamente e pudesse sentir-se de bem consigo e com os outros.
Mas o panorama era sempre o mesmo: os grandes dominavam os pequenos que eram vítimas de todo o tipo de actos de amesquinhamento, aviltamento e degradação.
Passou para outro país, e mais outro e mais outro em busca de uma terra de justiça e igualdade.
Mas era tudo sempre o mesmo: os liliputianos eram pouco instruídos, muitos morriam ainda crianças, eram doentes e fracos e trabalhavam para que os gigantes pudessem fazer uma vida faustosa.
Estes também morriam mas quasi sempre de velhice e, quando ocorria um passamento, os vivos iam comer o que dele restava, num festim em que cada um procurava ficar com mais do que o outro.
E Gilberto durante anos percorreu esse planeta que ele foi conhecendo cada vez melhor e onde só encontrou grandes diferenças entre os seus habitantes.
Por fim, triste e desiludido, resolveu voltar para os seus montes.
Mas qual não foi o seu espanto quando verificou que quem lá vivia agora eram também gigantes e anões.


publicado por António às 19:35
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20 comentários:
De Brito Ribeiro a 22 de Fevereiro de 2008 às 22:52
A globalização, até na montanha!

Abraço


De António a 23 de Fevereiro de 2008 às 13:06
Olá, primo!
Estava a pensar mais no capitalismo selvagem e consumista e nas ditaduras pseudo-redentoras.
Estava com veia esquerdista quando escrevi isto...ah ah ah

Abraço


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