Buck Jones e Roy Rogers estavam frente a frente.
Parados, olhares fixos de um no outro.
Pernas semi-abertas e mãos dextras prontas para sacar a pistola do coldre com a máxima rapidez e disparar para que um só projéctil ferisse de morte o antagonista.
O sol estava alto e brilhava intensamente, reflectindo-se na estrela de xerife de Jones que tinha o chapéu na cabeça para que a luz não lhe perturbasse a visão.
Não corria a mais leve aragem o que fazia com que os raios solares quasi queimassem tudo em que incidiam.
A terra batida do piso amarelado parecia deixar subir para o ar um fumo quente e invisível.
As poucas casas da rua deserta, já velhas e degradadas, eram as únicas testemunhas deste frente a frente que opunha dois lendários heróis do Oeste americano.
As únicas, não!
Sentado num degrau de pedra estava o juiz deste duelo mortal. Seria ele a dar o sinal para o puxar das pistolas.
- Preparados? – perguntou.
Jones levantou o polegar da sua mão sinistra.
Rogers respondeu:
- Sim!
Então, a testemunha levantou-se, e contou lentamente mas com uma voz bem audível:
- Três!
- Dois!
- Um!
- Sacar!
Ambos puxaram das pistolas, mas não se ouviu nenhum tiro; só dois gritos:
- Pum!
- Pum!
Mas nenhum dos atiradores caiu…
Nesse instante assomou à porta de uma das casas uma mulher que gritou:
- Ó Chico! Deixa lá a coboiada e anda comer. E tu vai para casa, ó Manel, porque a tua mãe pode ficar em cuidados.
Em meados de 1999 comprei o meu primeiro computador para uso doméstico (que por acaso era um portátil, um Toshiba).
Aqui está mais um texto dos primórdios do Eu sou louco!
Este foi escrito em 12 de Março de 2005.
Um dos meus dramas pessoais, uma das minhas angústias existenciais é nunca ter descoberto em mim nenhuma vocação especial.
Tenho jeito para isto e para aquilo, mas não sou verdadeiramente bom em coisa nenhuma.
Costumo dizer, meio a sério e meio a brincar (se calhar bem mais a sério que a brincar) que sou engenheiro por formação mas não por vocação.
E ao fim de mais de meio século de vida continuo sem saber exactamente o que gostaria de ser ou fazer.
E tenho a certeza que a maior parte das pessoas estão como eu.
Isto vai-se ultrapassando com o trabalho, o estudo, o exercitar dos vários leves talentos que se possui para uma ou outras actividades mas, no fundo, bem no fundo, acho que tenho uma tremenda inveja dos que nasceram com um dom, um gift, uma dádiva.
Os que tem a vocação da escrita, das artes plásticas, da música, da representação, da dança, das matemáticas, da investigação, da destreza manual, da prática desportiva, da oratória, da argúcia argumentativa, da culinária, da inventiva, do humor, da sedução, da religiosidade, da solidariedade, da cirurgia, enfim de muitas outras coisas, inclusivamente o talento de não gostar de fazer nada e saber viver de expedientes, não sabem a sorte que tem.
Quasi desde a infância que tem o caminho traçado. Basta uma boa dose de dedicação àquilo para que foram fadados. Muito trabalho, também, se quiserem atingir o cume da montanha, mas sabem por onde ir.
Os outros, como eu, andamos perdidos, muitas vezes até à morte, sem sabermos nunca qual o trilho que deveríamos ter seguido ou em que actividade nos sentiríamos realizados pois, no fundo, nunca nos sentimos completamente bem com aquilo que executamos. Há sempre outra coisa que gostaríamos de ter feito ou de fazer.
Apesar de tudo, ainda espero um dia vir a descobrir qual a minha vocação. É uma ilusão, não é? Mas deixem-me viver com ela, por favor!
Será que é esta longa e permanente ansiedade, escondida nas profundezas do meu eu, mas que emerge quando se fica algures no percurso até uma nova meta, que me leva por vezes a gritar:
Eu sou louco!?
E, continuando a preguiça, continuam as reposições.
Aliás, esta não é, ou não era, a época das reposições no cinema?
O texto seguinte foi publicado em 9 de Abril de 2005.
Como a preguiça de escrever continua, aqui fica republicado um texto escrito no "Eu sou louco!" do Blogger em 26 de Fevereiro de 2005.
A
A cidade surpreendente (Carlos Romão)
avozquenãosecala (Ana Maria Costa)
Andorinha negra (Leonor Costa)
A outra face da cidade surpreendente (Carlos Romão)
A frutinha da época(Maria Irene)
As cores da vida (Madalena / Sara - amiga teatro)
As minhas romãs (Paula Raposo)
A tradução da memória (Alice Campos)
Águas revoltas (Elisabete Fragoso)
As cores da vida (Sara Teatro / Madalena)
Artes do fogo (Isabel Boavida)
B
Branco e Preto I (Blogger) (Amita)
Branco e Preto I (Sapo) (Amita)
Branco e Preto II (BLogger) (Amita)
C
Conversas de xaxa IV (Peter, Ant, Bluegift)
Cabana de palavras (Lena Maltez)
Claras em castelo (Marta - de Sintra)
Crónicas da vida de uma comum mortal (Cláudia de Senna)
Cenáculo do filósofo (Ruben David)
Coração entre palavras (Teresa Gonçalves)
D
Divas & Contrabaixos (Maria do Rosário Fardilha)
E
Extranumerário... (Gonçalo Nuno Martins)
Eternamente menina - novo (Otília Martel)
enquanto a onda não volta (Patrícia Henriques)
Eloquentes insónias (Joana Calheiros Cruz)
F
Fábulas (Margarida Laranjeiro)
Fotoamis (Oamis - Jorge Meira)
G
H
Heloísa conversando com as palavras
Heloísa conversando com as palavras 2
I
Instantes da vida (amigona - Rosário Quintas)
InApto (António Pinto Correia)
J
K
L
Linhas de pensamento (Teresa Bonito)
Língua de mariposa (Nora Borges)
M
Menina marota - novo (Otília Martel)
Mar de amor... (Lucinha Araújo)
Mastiga e deita fora (Guevara - Cláudia Gonçalves)
Momentos sentidos II (Margusta)
N
Na senda das Beiras (Lara Laura)
O
O eco das palavras (Paula Raposo)
Ó minha vizinha! (Leonor Costa)
Os meus encantos... (Cristina Miranda)
O mundo à janela (Sara - amiga teatro)
O teu doce olhar (Maria João Ferreira - joanstar)
Ontem - Hoje - Amanhã (Vanda Rafeiro)
P
Poesia Portuguesa (Otília Martel)
Pedra sobre pedra (Teresa Pereira)
Particular(idades) (Isabel São Miguel)
Podes mudar o mundo (Joana Calheiros Cruz)
Q
R
Retalhos de uma manta inacabada (Graça Faria)
Ruas da minha terra - Porto (Teodósio Dias)
Realizei meu grande sonho! (Ana sonhadora)
Refúgio encontrado (Papoila rubra)
Reeducação alimentar (Cristina Carvalho)
Rio Âncora (Tó Zé Brito Ribeiro)
Rouxinol de Bernardim (elmanofilo)
S
Spooky's Cave (Vampirella) (Isabel Ramos)
T
Tropelias de um casal (Perfect woman)
Troca de olhares (Gala) (Paula do Porto)
U
V
Vila Praia de Âncora (Tó Zé Brito Ribeiro)
W
X
Y
Z