Irreverência, humor, criatividade, non-sense, ousadia, experimentalismo. Mas tudo pode aparecer aqui. E as coisas sérias também. O futuro dirá se valeu a pena...ou melhor seria ter estado quietinho, preso por uma camisa de forças!
Todos os grupos humanos precisam duma liderança.
Não há grupo consistente sem um líder, isto é, sem alguém (uma pessoa só, entenda-se) que tenha o poder maior e que tome as decisões, de forma mais consensual ou mais tirânica.
Quando não existe é a própria "multidão que segrega o líder", que o cria, que o proclama, que o elege.
Com a família, o grupo humano agregado ao casamento ou situação equivalente, também é assim.
Tem de haver um a mandar.
Só um.
Antes de começar a concretizar-se a emancipação da mulher era o homem que mandava em 70, 80 ou 90% dos casos (a estimativa é grosseira, obviamente).
Tinha o poder económico, pois era o único a ganhar dinheiro, e o poder da lei e da tradição (isto na burguesia, pois no proletariado, em que muitas vezes a mulher também trabalhava, era muito importante o poder da força - a surra).
Nos restantes 10, 20 ou 30% dos casos era a mulher quem mandava, ou de um modo claro e ostensivo, ou de uma maneira sub-reptícia, sendo esta a forma mais comum de o elemento do sexo feminino exercer o poder.
Com a progressiva emancipação da mulher tudo foi mudando...
A própria legislação acabou com o estatuto de chefe de família determinando que ambos os cônjuges tinham igual autoridade.
Isto faz-me rir porque nunca pode haver dois a mandar; tem de haver só um líder, quer seja o homem ou a mulher.
Quando ambos estão de acordo num ou noutro assunto, tudo está bem.
Mas quando não estão?
Quem decide?
Haverá alguns casos em que se chega a consenso.
Noutros não!
Mas os consensos implicam cedências, e há um que começa a sentir que cede mais do que o outro e inicia tentativas para recuperar poder.
E os choques sucedem-se, os conflitos multiplicam-se e lá fica o casamento em fanicos.
Quando não há busca de acordos ainda mais rápida é a degradação do matrimónio.
Claro que isso não acontece com todos os casamentos.
Há alguns em que uma das partes aceita o domínio da outra, quer de forma consciente ou inconsciente, sendo-lhe, neste caso, criada a ilusão de que detém o poder quando, na realidade, isso não acontece.
E se houver inteligência e vontade, a união pode funcionar...mas com um líder.
Não há solução que mantenha a coesão familiar quando ambos querem o poder.
A separação ou divórcio é a saída mais comum.
Mas, para essas situações de conflito, poderá surgir alguma forma diferente de manter a unidade conjugal?
Um método de ultrapassar os bloqueios está cada vez ganhando mais adeptos: é o de cada um viver na sua casa. Mas isto implica uma capacidade económica acima da média...
Claro que há outros factores que contribuem para a situação actual de
caducidade do matrimónio: o desgaste de muitos anos de vida em comum, o reconhecimento de que se prefere viver sozinho, a inadaptação sexual mútua e, como não podia deixar de ser, o aparecimento de um terceiro elemento, quer com um carácter mais afectivo quer mais carnal, mas sempre com a infidelidade associada.
Mas a questão do poder é a que mais tem crescido nas últimas décadas e pode estar, muitas vezes, na origem das outras causas que referi.
Claro que voltar à situação anterior, à dos nossos pais ou avós, também é
impensável.
Salvo se acontecesse a islamização do mundo; mas então as mudanças ainda seriam mais radicais...num sentido muito pouco dignificante para a mulher.
Nota: Actualmente há mais divórcios do que casamentos em Portugal.
De
KI a 9 de Setembro de 2007 às 14:57
Há sempre um que manda e um ( no casamento, noutros casos mais que um) que pensa que manda porque o deixam pensar assim e é tudo muito mais inteligente, Aliás as mulheres dantes mandavam verdadeiramente, tinham tempo para isso, planeavam milimetricamente como atingir os objectivos a que se propunham, curiosamente agora e depois da proclamação ostensiva do Femenismo e igualdade de poderes, as mulheres cada vez mais mandam cada vez menos... ahahah irónico n é? É que qualquer estratega tem de ter tempo para planear, apurar consequências e refrear impulsos em nome e uma frieza e clareza mental que lhe permitirá o alcançar do seus (s) propósito (s). isto penso eu de que... porque quem sabe, serão as mulheres mais felizes agora ? Mas dantes quando os casamentos duravam, as relações consolidavam-se em flexibilidades e carinhos , dantes quando as pessoas não viam tudo como descartável e fugaz e lutavam paulatinamente pelo que queriam sem ter de imediato um prazer satisfeito, que de tão repentino em conseguir-lo nada satisfaz. Mas agora é fantástico, todos nós perdemos a vida a ganhar o que queremos e quando o temos já não o desejamos, sendo assim devemos andar num estado de sonambulismo tal que até sorrimos dopados.
Líderes? Talvez o materialismo, a publicidade, o facilitismo, a massificação do colectivo.
Epah... estendi-me...
Beijos.
De
António a 9 de Setembro de 2007 às 18:40
Olá, Ki!
Gostei do teu comentário.
Curiosamente, já ouvi várias mulheres a dizerem o que tu escreveste, em conteúdo.
Também curiosamente foi a mulheres já idosas e jovens com menos de 30 ou 35 anos que ouvi essas ideias.
Ainda curiosamente, foram sobretudo jovens inteligentes quem as proferiram.
Mas não concordo contigo quando referes que há mais de um líder nos outros grupos sociais: de facto há sempre um. Pode é não ser aquele que parece.
Parecia que Luís XIV mandava mas era Richelieu...
Manda sempre!
ah ah ah
Beijinhos
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