Irreverência, humor, criatividade, non-sense, ousadia, experimentalismo. Mas tudo pode aparecer aqui. E as coisas sérias também. O futuro dirá se valeu a pena...ou melhor seria ter estado quietinho, preso por uma camisa de forças!
Quinta-feira, 22 de Novembro de 2007
O mosquito
O dia tinha sido de canícula.
A noite estava menos quente e, por isso, só regressei ao quarto do hotel barato onde me alojara depois de ter estado numa pequena esplanada, junto ao mar, a apanhar um pouco da aragem que trazia um cheirinho a maresia e uma agradável frescura.
Deixara a janela do 105 aberta para que o aposento também arrefecesse com o ar da noite, pois pudera verificar que o ar condicionado não estava operativo.
E, de facto, parecia já haver as condições de ambiente que me permitiriam deitar sem que a temperatura retardasse a minha entrega a Morfeu.
Fiz a higiene habitual, baixei a persiana deixando umas frinchas abertas e não fechei as vidraças.
Puxei a roupa toda para baixo e deitei-me nu sobre o lençol que cobria o colchão.
Liguei o televisor, passei por meia dúzia de canais e desliguei-o de novo.
- Vou dormir! – disse para comigo.
Estiquei o braço e desliguei a luz que estava colocada por cima da cabeceira da cama.
Pouco depois, estava já a acarinhar o sono, ouvi um ruído que me era familiar: o zumbido de um mosquito.
Não liguei, mas pouco depois o mesmo som passou-me junto ao ouvido de modo a deixar-me mais desperto. Um segundo voo rasante demorou poucos segundos a acontecer.
Depois fez-se o silêncio.
- Vamos lá ver se adormeço agora... – cogitei.
Mas não tardou muito para sentir na coxa esquerda uma incomodativa picada. Lá estava ele ao ataque...
Sacudi a perna e ouvi-o a voar lá mais ao longe.
Todavia, rapidamente o zunir do insecto veio até junto da minha cara. Tocou-me mas abalou de imediato e deixei de o escutar.
Foi efémero o sossego. Logo a seguir ouvi o maldito e senti uma espetadela junto da orelha que estava voltada para cima: ainda a esquerda.
Sacudi o irritante animal com a outra mão.
Não me apercebi de mais nada durante algum tempo e procurei novamente passar para o mundo dos sonhos.
Mas eis que a dor de uma picada se fez sentir no pulso.
Zás!!!!!
Apliquei uma forte palmada com a mão direita no local onde o impertinente bicho voador estava sugando o meu sangue qual vampiro da Transilvânia.
Já começara a sentir um nervoso miudinho por não poder sossegar, por isso tapei-me com um outro lençol deixando só a cabeça de fora.
Felizmente o calor era suportável.
Estava quasi, quasi a adormecer quando um caça-bombardeiro em voo supersónico passou mesmo junto à minha cabeça. E, ainda não refeito, lá veio um novo ataque provocador.
Não!
Não podia ficar só na defensiva.
Tinha de contra atacar com toda a ferocidade que ditava o sangue já a ferver-me nas veias.
Acendi a luz, levantei-me, peguei na travesseira com ambas as mãos e levantei-a acima da cabeça enquanto com os olhos tão abertos quanto possível comecei a observar o tecto e as paredes brancas ou de cor muito clara.
Caminhava semicurvado e pé ante pé para não afugentar o meu enervante inimigo.
Ouvi a sua sonoridade sibilante e procurei localizá-la.
De repente fez-se silêncio e pude ver o caçador de sangue poisado numa parede.
Aproximei-me lentamente e projectei a almofada com toda a força. Deixei-a encostada, segurei-a com a mão sinistra e dei dois murros com a dextra, assim descarregando a raiva acumulada. Depois retirei a travesseira e pude ver, com um sorriso sádico desenhado no meu rosto, sangue na parede e na fronha.
Ganhara!
Voltei para a cama, coloquei a minha arma de ataque no seu lugar, tendo o cuidado de pôr a parte com sangue para baixo, tapei-me com o lençol, apaguei a luz, enrosquei-me na posição fetal e recomecei a embalar o sono.
Estava quasi, quasi a adormecer quando ouvi um zumbido...


publicado por António às 14:34
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De lena a 25 de Novembro de 2007 às 21:20
António, meu querido

diverti-me enquanto de lia e xiiii essa pancada soou deste lado

mas estes mosquitos são quase inofensivos, umas picadelas quando se anda sem cuidado e i tal zzzzzzzzzz que incomoda uma noite

nasci noutro continente em que uma picada desses insectos insuportáveis me punham de cama com febre muito alta

sorte tua que foi só zumbido...

vai lavar é a parede


beijinhos para ti

é bom estar e ler-te e escrever-te, o bichinho da blosfera começa a picar-me

o meu abraço de sempre

lena





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