Irreverência, humor, criatividade, non-sense, ousadia, experimentalismo. Mas tudo pode aparecer aqui. E as coisas sérias também. O futuro dirá se valeu a pena...ou melhor seria ter estado quietinho, preso por uma camisa de forças!
Terça-feira, 29 de Julho de 2008
Duelo ao sol

Buck Jones e Roy Rogers estavam frente a frente.

Parados, olhares fixos de um no outro.

Pernas semi-abertas e mãos dextras prontas para sacar a pistola do coldre com a máxima rapidez e disparar para que um só projéctil ferisse de morte o antagonista.

O sol estava alto e brilhava intensamente, reflectindo-se na estrela de xerife de Jones que tinha o chapéu na cabeça para que a luz não lhe perturbasse a visão.

Não corria a mais leve aragem o que fazia com que os raios solares quasi queimassem tudo em que incidiam.

A terra batida do piso amarelado parecia deixar subir para o ar um fumo quente e invisível.

As poucas casas da rua deserta, já velhas e degradadas, eram as únicas testemunhas deste frente a frente que opunha dois lendários heróis do Oeste americano.

As únicas, não!

Sentado num degrau de pedra estava o juiz deste duelo mortal. Seria ele a dar o sinal para o puxar das pistolas.

- Preparados? – perguntou.

Jones levantou o polegar da sua mão sinistra.

Rogers respondeu:

- Sim!

Então, a testemunha levantou-se, e contou lentamente mas com uma voz bem audível:

- Três!

- Dois!

- Um!

- Sacar!

Ambos puxaram das pistolas, mas não se ouviu nenhum tiro; só dois gritos:

- Pum!

- Pum!

Mas nenhum dos atiradores caiu…

Nesse instante assomou à porta de uma das casas uma mulher que gritou:

- Ó Chico! Deixa lá a coboiada e anda comer. E tu vai para casa, ó Manel, porque a tua mãe pode ficar em cuidados.



publicado por António às 14:07
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Quarta-feira, 23 de Julho de 2008
Boa noite, Clix...Bom dia, Zon...

Em meados de 1999 comprei o meu primeiro computador para uso doméstico (que por acaso era um portátil, um Toshiba).

Lá para Dezembro, o meu enteado trouxe um CD-rom de um supermercado do grupo Sonae que permitia instalar a Internet (do Clix). Entregou-o ao meu filho que, por sua vez, mo deu.
Olhei para aquele bicharoco estranho e disse:
- Internet? Mas para que quero eu a Internet?
E meti o disco numa gaveta.
Passados uns quinze dias vi o CD, chamei o Fernando Miguel e disse-lhe:
- Ó pá! Vamos experimentar isto?
E não tardou muito que, com a ajuda de uns telefonemas para o Clix, estivesse com a Net a funcionar. Se bem me lembro, o PC tinha um modem interno.
E a partir daí foi sempre a aviar e sempre com o Clix como servidor.
Nessa altura era paga ao minuto, salvo erro, mas depois veio outra modalidade e depois o ADSL com um valor fixo mensal.
Entretanto, uns dois ou três anos depois, o meu filho também comprou um PC (ou compraram os pais para ele) e decidiu-se ter outro ISP. Foi escolhido por ele a NetCabo, mas eu continuei com o mesmo servidor. Magnífico exemplo de uma correcta gestão…
Entretanto mudei de PC comprando um desktop Compaq e os avanços técnicos foram-se sucedendo sem que eu tivesse feito grandes alterações posteriormente.
Apareceram os telefones via cabo de TV e a Televisão por fio de cobre.
A pressão dos vários operadores sobre os potenciais clientes era, e ainda é, avassaladora.
Comecei a pensar que o melhor seria ter um fornecedor para tudo, ou seja: televisão por cabo, telefone fixo e internet.
Mas quem escolher? A multiplicidade de ofertas era enorme e a velocidade com que apareciam novidades tecnológicas ou preços mais competitivos era supersónica.
Um amigo que sabe destes assuntos disse-me que para TV o cobre não era uma boa opção pois tinha uma banda larga demasiado estreita.
E assim acabei por optar pela Zon, nome novo no mercado para a PT- Multimédia agora separada da mãe na sequência de decisão da Entidade Reguladora após a OPA da Sonae.com sobre a Portugal Telecom.
Mas que grande confusão, hein?
E assim, após ter comprado um PC e periféricos novos em Janeiro, acabei de aderir ao triplo da Zon.
E devo confessar que estou satisfeito, e acho muito boa a solução de usar um router wireless.
Em suma: tudo isto agora cá em casa é muito mais modernaço…
Vivam as novas tecnologias!


publicado por António às 21:41
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Quinta-feira, 17 de Julho de 2008
Recordando...As vocações

 

Aqui está mais um texto dos primórdios do Eu sou louco!

Este foi escrito em 12 de Março de 2005.

 

 

Um dos meus dramas pessoais, uma das minhas angústias existenciais é nunca ter descoberto em mim nenhuma vocação especial.
Tenho jeito para isto e para aquilo, mas não sou verdadeiramente bom em coisa nenhuma.
Costumo dizer, meio a sério e meio a brincar (se calhar bem mais a sério que a brincar) que sou engenheiro por formação mas não por vocação.
E ao fim de mais de meio século de vida continuo sem saber exactamente o que gostaria de ser ou fazer.
E tenho a certeza que a maior parte das pessoas estão como eu.
Isto vai-se ultrapassando com o trabalho, o estudo, o exercitar dos vários leves talentos que se possui para uma ou outras actividades mas, no fundo, bem no fundo, acho que tenho uma tremenda inveja dos que nasceram com um dom, um gift, uma dádiva.
Os que tem a vocação da escrita, das artes plásticas, da música, da representação, da dança, das matemáticas, da investigação, da destreza manual, da prática desportiva, da oratória, da argúcia argumentativa, da culinária, da inventiva, do humor, da sedução, da religiosidade, da solidariedade, da cirurgia, enfim de muitas outras coisas, inclusivamente o talento de não gostar de fazer nada e saber viver de expedientes, não sabem a sorte que tem.
Quasi desde a infância que tem o caminho traçado. Basta uma boa dose de dedicação àquilo para que foram fadados. Muito trabalho, também, se quiserem atingir o cume da montanha, mas sabem por onde ir.
Os outros, como eu, andamos perdidos, muitas vezes até à morte, sem sabermos nunca qual o trilho que deveríamos ter seguido ou em que actividade nos sentiríamos realizados pois, no fundo, nunca nos sentimos completamente bem com aquilo que executamos. Há sempre outra coisa que gostaríamos de ter feito ou de fazer.
Apesar de tudo, ainda espero um dia vir a descobrir qual a minha vocação. É uma ilusão, não é? Mas deixem-me viver com ela, por favor!
Será que é esta longa e permanente ansiedade, escondida nas profundezas do meu eu, mas que emerge quando se fica algures no percurso até uma nova meta, que me leva por vezes a gritar:
Eu sou louco!?



publicado por António às 22:07
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Sexta-feira, 11 de Julho de 2008
Recordando...Discriminação animal

E, continuando a preguiça, continuam as reposições.

Aliás, esta não é, ou não era, a época das reposições no cinema?

O texto seguinte foi publicado em 9 de Abril de 2005.

 

 

Todo o mundo conhece os chamados animais domésticos.
Nas zonas urbanas, os mais frequentes e amimados são os cães e os gatos, nas suas variadas raças. Em muitas habitações, com ou sem jardim ou quintal, lá estão eles.
Mas outros merecem menção: os canários, pintassilgos, pintarroxos, os engraçados papagaios e ainda os peixinhos, quer o solitário vermelhinho quer os múltiplos habitantes dos mais sofisticados aquários com maternidade e tudo.
E os cágados, quer os mignon que tem um local especial dentro de casa, quer os maiores que se instalam nos jardins.
E há os mais raros: ofídios rastejantes, pequenos tigres, enfim...fiquemos por aqui pois não me lembro de mais.
Se formos para as áreas rurais, teremos muitos outros animais que, para ricos ou para pobres, tem os cuidados necessários, ou mais do que isso, dos seus proprietários: as galinhas, patos, perus, gansos, cisnes, coelhos, vacas, ovelhas, cabras, porcos, cavalos e outros. Não pretendo ser exaustivo pois isto não é um estudo científico, como devem calcular.
Mas o que me levou a tratar este tema da discriminação animal não foi esta bicharada que atrás enunciei.
São os outros. Os malditos, os indesejados, os horrendos, os discriminados.
Comecemos pela formiga, a comunitária e laboriosa formiguinha que a famosa fábula transmitida oralmente de pais para filhos tem atravessado gerações. Mas outros insectos nos acompanham fielmente malgrado a furiosa perseguição de que são vítimas: as aranhas com as suas artísticas teias, as centopeias, engraçadíssimas com tantas perninhas, as baratas, os peixinhos de prata.
As pulgas, percevejos e piolhos. Como é gira a distracção que estes proporcionam ao ser catados nas cabecitas mais sujas das criancinhas e o estalido que produzem quando esmagados entre as unhas dos polegares das mamãs. E a conhecida habilidade das pulgas para serem amestradas e se tornarem artistas de circo, sem falar na famosa cena de um filme de Charlot cujo nome agora não recordo?
E os ratos e ratazanas, também imortalizados em fábulas como a do flautista ou a do João Ratão e da Carochinha, sem esquecer a utilização que deles fizeram grandes nomes da literatura como Victor Hugo que, na mais romântica de todas as obras que conheço, Les misérables, os converteu nos melhores companheiros de Jean Valjean nas suas passagens pelos oitocentistas esgotos de Paris? Ah...e o rato Mickey, claro! 
E as moscas, mosquitos, falenas e outros insectos voadores? Quanta diversão e libertação de tendências agressivas não tem provocado à pequenada o caçar moscas e depois tirar-lhes as asas, depois a cabecita e por fim as patinhas?
As abelhas, vespas e correlativos. Nem é preciso falar da utilidade das abelhinhas, pois não?
E as minhocas, lesmas e caracóis (petisco em muita zona do país) que também são um belo entretimento da miudagem?
Caracol, caracol...pois os corninhos ao sol...
E mais haveria; mas vou parar por aqui na enumeração que já vai longa, quiçá fastidiosa.
A minha intenção ao falar nestes animaizinhos mal amados é pôr em relevo a hostilidade de que é alvo, por parte dos humanos, todo este conjunto de pequenos bicharocos que fazem questão em partilhar a sua vida connosco.
Pensem bem e deixem-se de discriminações!


publicado por António às 18:47
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Quinta-feira, 3 de Julho de 2008
Recordando...A voz

Como a preguiça de escrever continua, aqui fica republicado um texto escrito no "Eu sou louco!" do Blogger em 26 de Fevereiro de 2005.

 

 

Uma das coisas mais belas que um ser humano pode ter é a voz.
Lembremo-nos que todos os grandes actores sobressaem, embora muitas vezes não se dê por isso, pelo timbre da voz.
E qual o efeito de uma bela voz ao telefone?
Além de ser agradável, pode ser muito apelativa, encantadora, sedutora!
E na rádio?
Quantas pessoas não se deixaram apaixonar por uma oralidade bem colocada, com as pausas nos sítios certos?
E uma bonita voz a cantar?
(Às vezes pode não ser muito bonita, mas ter um não sei quê que nos toca, que nos perturba, que nos cativa, que nos faz sonhar).
E os murmúrios de carinho, de ternura, de paixão, de êxtase?
E aquelas sonoridades de excitação libidinosa? Ai, minha mãezinha!!!!
E o que disse aplica-se a vozes masculinas ou femininas, com intensidade mais forte ou mais branda, com uma frequência mais grave ou mais aguda, com um sotaque mais ou menos acentuado, a falar um idioma conhecido e compreensível ou totalmente ignorado.
Pensem nas vossas experiências e digam se tenho ou não razão.

Mas...há sempre um mas...quando as vozes são, pelo contrário, desagradáveis, com um timbre ou uma frequência irritante, com um sotaque aterrador, com espasmos asmáticos ou rouquidões repelentes e anasalamentos doentios.
E quando começam a cantar com uma voz desafinada, atingindo o cúmulo quando ouvimos aquele timbre de cana rachada que nos faz querer fugir a sete pés?
E quando os tais sons libidinosos são substituídos por arfares de asfixia? Por assobios vindos da traqueia?
E quando essas vozes não se calam, quando martelam intensa e sadicamente os nossos ouvidinhos, quando queremos fugir e não podemos?

Acho que devia haver cursos de formação para melhorar a voz, como há exercícios e dietas para melhorar o corpo, trabalho mental para modelar as capacidades intelectuais, medicamentos para matar as doenças e fazer renascer a saúde.

Há pessoas que melhor estariam se fossem mudas.
E muitos de nós bem gostaríamos de ser surdos em muitas ocasiões.

Se tiverem uma voz feia e desagradável, façam o favor de teclarem no MSN ou no Yahoo e mandarem cartas ou faxes (parece que o telex já morreu) em vez de telefonarem.

Façam como eu: nunca canto em sítio onde possa ser ouvido. Só no duche! E, mesmo assim, a própria água foge pelo ralo abaixo, rápida e queixosa. Nunca ouviram a água a queixar-se? É porque cantam bem!


publicado por António às 22:27
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