Irreverência, humor, criatividade, non-sense, ousadia, experimentalismo. Mas tudo pode aparecer aqui. E as coisas sérias também. O futuro dirá se valeu a pena...ou melhor seria ter estado quietinho, preso por uma camisa de forças!
Reinaldo Aguiar era um tímido.
Mais do que isso, era um tímido quasi patológico.
Com 22 anos e o 12º ano, trabalhava numa empresa em posto de pouca importância, de curta responsabilidade e de baixo salário recebido a troco de um recibo verde.
O emprego foi-lhe arranjado pelo pai.
Filho único, apaparicado, continuava a viver com os progenitores numa casa modesta.
Não tinha carro nem namorada.
Nunca teve coragem para fazer um convite a uma rapariga e, quando eram elas a atiçarem-no, deixava-se ficar indiferente. Não por falta de vontade em corresponder, mas porque alguma força invisível o bloqueava.
Mas agora estava decidido a deixar a vida de eterno solitário e começar a ter relações com mulheres, a todos os níveis. Que diabo! Tinha de vencer a timidez que lhe tornava a vida fastidiosa e muito pouco satisfatória.
E assim resolveu ir às meninas para finalmente perder a virgindade sexual.
Numa noite com o céu estrelado foi até um local que já tinha visitado várias vezes mas sempre sem ter coragem para avançar.
Mas desta vez a determinação era enorme.
Foi caminhando devagar pelo passeio onde as rameiras faziam trottoir ou permaneciam encostadas às paredes das casas lançando olhares e frases de provocação e convite.
- Então filho? Vamos para a cama? – disse-lhe uma delas.
O Reinaldo estacou.
Olhou para ela e viu uma mulher claramente mais velha. Era difícil adivinhar-lhe a idade pois a vida irregular e cheia de complicações fá-las sempre parecer ter mais anos de vida do que aqueles que oficialmente possuem.
- Tem de ser! Vai esta mesmo! – pensou ele, fazendo esforço para vencer a timidez.
E falou:
- E quanto é?
- Quinze euros, fora o quarto – informou a meretriz.
- E quanto é o quarto? – continuou o diálogo, o repentinamente corajoso moço.
- Cinco euros. Mas é bom e limpo.
- Vamos lá! – disse o moço, descarregando algum do nervoso que o tolhia.
- Vamos por aqui, então! – indicou ela, entrando numa porta que estava mesmo ao seu lado.
Ele seguiu-a. Subiram umas escadas de madeira rangendo e ele pode apreciar que ela usava uma saia curtíssima que lhe deixava ver umas calcinhas brancas.
Chegados ao andar superior, a prostituta disse:
- Pagas aqui o quarto – e olhou para um pequeno balcão onde uma mulher já idosa afirmou maquinalmente:
- Cinco euros!
O Reinaldo pegou na carteira, abriu-a, e dela retirou uma nota que entregou à velhota.
- Quarto 7!
- Anda, meu querido! – disse para o jovem.
E a mulher contratada meteu por um corredor estreito parando em frente a uma porta que ela empurrou e logo se abriu. Entrou e o rapaz seguiu-a.
A rameira voltou-se para ele e pediu:
- Primeiro dá-me os quinze euros, filho.
O Reinaldo foi de novo à carteira e entregou-lhe duas notas.
A mulher começou logo a tirar a pouca roupa que tinha e disse:
- Tens camisa?
- Tenho! – respondeu ele.
- Então dá-ma e despe-te.
O Reinaldo entregou-lhe o preservativo, tirou a roupa e ficou nu. Entretanto também a mulher se tinha já despido completamente deixando à vista um corpo com seios descaídos, uma barriga razoavelmente saída e com bastantes estrias, uma boa dose de celulite e algumas varizes bem visíveis nas pernas.
- Deita-te que eu ponho-te isso em pé – ordenou.
O moço esticou-se na cama de barriga para o ar e ela, enquanto lhe pegava no pénis e começava a acariciá-lo disse:
- Tens um belo corpo!
Espremeu a glande para se certificar que o cliente não estava com nenhum esquentamento.
O órgão começou a dar sinais de excitação e ela meteu-o na sua boca para o deixar com a rigidez de um falo competente.
O rapaz permanecia deitado com os olhos fechados.
Pouco depois ela aplicou o condom, deitou-se ao lado dele e disse:
- Já podes meter!
A matrona estava já de pernas abertas e joelhos dobrados e o Reinaldo colocou-se sobre ela na posição do missionário.
Introduziu e começou o movimento de ancas habitual nestas circunstâncias.
A sua cara estava frente à da parceira de ocasião quando esta, gemendo fingidamente, começou a brincar com a placa dentária fazendo-a sair parcialmente da boca e recolhendo-a, várias vezes.
O pobre rapaz, perante tal visão, sentiu que alguma coisa não estaria bem com os seus genitais.
E pouco depois ela comentou.
- Estás sem tesão! Anda cá!
E recomeçou a tentar que o órgão voltasse a entumecer.
Nada!
Passados alguns minutos, a profissional apalpou a base do pénis do coitado e comentou:
- Humm...a molinha está partida. Já não vais conseguir levantar isso. Não vale a pena continuar.
Levantou-se e foi fazer uma rápida higiene, enquanto dizia:
- Podes levantar-te e vestir-te. Agora não vais conseguir. Não gostaste de mim, foi?
O rapaz, frustrado na sua tentativa de perder a virgindade, balbuciou:
- Não! A culpa não foi sua – e começou a vestir-se.
Ainda não estava calçado quando a mulher disse “boa noite” e saiu.
O Reinaldo também se lavou, acabou de se arranjar e, mais acabrunhado do que nunca, abandonou o quarto e o prostíbulo dirigindo-se cabisbaixo para casa dos pais, mas dando uma volta maior que o habitual para tentar limpar a cabeça.
Sem sucesso!
Já na sua cama esperou que o sono chegasse, mas só depois de muito se mexer e remexer é que adormeceu.
Na manhã seguinte, sábado, dormiu até às tantas e acordou bem disposto.
Mas a recordação do fracasso da noite anterior não tardou a deixá-lo de novo em baixo.
- Não posso desistir! Até porque a culpa foi daquela tipa horrorosa – tentava dar-se alento o jovem tímido mas também azarado.